Amem!
Por Ricardo Duque.
Qual é a palavra de Deus? Ele escreveu alguma coisa que eu ainda não vi? Quem souber me diga que estou ansioso pra conhecê-la. Deve está em algum museu da Europa? Ou na sacrossanta biblioteca do Vaticano? Tolos. São os humanos que dizem conhecer a tirânica palavra que apenas serve pra eles julgarem uns aos outros. Fazem de algo inexplicável, a sua imagem e semelhança. Assim como no egoismo também. Esse Deus que eles dizem estar na maldita palavra foi escritos pelos homens. Não vejo Deus nisso, vejo homens. Deus é algo que não se escreve, se sente. Deus não o castiga, ele é amor.
A finalidade do ópio que reflete a mais tênue droga nos está naqueles que se dizem cristãos. Ópio este, que se percebe como bactéria fermentada para o canibalismo simbólico em comer o pai em nome do pão e do vinho. Algo bastante Dionísio não? São estes que alienam o homem a um misero nada. Fazendo estes competirem entre si o mais fabuloso terreno no céu. Existem lotes sendo disputado a dízimo, como quem leiloa uma mansão. Aquele que oferecer mais tem direito a ter o Nazareno como vizinho. Agora, cadê este que se ofereça a ser pregado na cruz? Simplesmente não existe! Os seus joelhos já lhes são demais para tanto. Basta! Afinal, Deus já deu o seu cordeiro para o olocausto. Essa é a desculpa para tanta falácia. E de resto vivem pregado espinhos ao invés de amor, pregando o ódio, disputas, medo, inveja cobiça, injurias... Chego a me perguntar, - quantas coisas pregam esses coisas? São coisas do tipo: papai do céu briga! Quando mais velho: Deus castiga!
Mas isso vem de muito longe, desde quando Paulo perseguiu Aquele que depois ele, sutilmente usou para camuflar suas palavras em seu ódio através de suas cartinhas. (Como é que um cara que prega o amor pode ser tão contraditório ao mesmo, pregando também o preconceito, de seu conceito, quanto aos homossexuais?) Usou de sua filosofia para escrever o que se deve e o que se não deve. Como se não existisse consciência e/ou responsabilidade para isso! Assim, todos os miseráveis de alma, que vivem no vazio de sua existência podem encontrar conforto, na redenção vil das cartas desse apostolo demagogo. Tristes almas vendidas por tão pouco! A barganha é justamente o contrario da salvação: a frustração. Aquele que se limita ao sonho do outro de fato está perdido em sua existência. Não vê o que realmente significa a dimensão de Deus, ou, Deusa.
Agostinho – prefiro o Agostinho ao santo-, perguntou uma vez: “o que é que eu amo quando eu te amo”? Já Nietzsche afirma em seu magnífico aforismo que “ama-se por fim o desejo, não o desejado”. Com isso temos a consciência clara que, o que amamos somos nós mesmos projetados nos outros. É o ser perfeito que criamos para sermos felizes. É o meu ponto de vista que dirá de mim o quanto ser belo. Contudo, o pecado, o feio, o dantesco está nos olhos de quem vê. Ou seja, em nós com o nó da noia que muito nos apraz. Assim criamos fragmentos de perfeição de nossa própria existência, para dar vida ao que não se explica. De fato, subjetividade não se explica no mínimo se entende. Sendo assim, sou Eu na tentativa de ser perfeito que me comparo e me frustro diante da grandeza que existe na natureza. Na pura beleza de reinventar um mundo que caibam as minhas filosofias...
É tão sutil que ninguém percebe que o simbólico ordena o próprio significante, que diz que Deus expulsou Lúcifer do paraíso (para quem não sabe Lúcifer que dizer: aquele que carrega a luz, o primeiro) por inveja e desobediência. Não se expulsa o sintoma em si mesmo por desobediência, por querermos pensar e refletir sobre a nossa verdade, sobre a nossa existência, no Maximo o que se faz é convidar o sintoma, ou satanás como queiram, para reinventar uma maneira de ser feliz com o fenômeno em si. Sair dessa caverna sombria como disse Platão. Onde o direito de pensar, segundo a palavra tirânica, está tão somente dado ao Pai todo poderoso. Onde todo o dia nos julga cheios de falhas e pecados. Quer inferno maior que este? Mas isso não basta para o viciado em culpa, ele quer mais... E terá segundo sua crença em valores desvalorizados no arcaico anacrônico da palavra que ele mesmo criou para desonrar a grandeza da Natureza de Deus. Chamo isso de gozo!
Humano limitado! Prefere a sombra dos gigantes para se refugiar. Assim muitos se apresentam como belas orquídeas, mas na verdade fazem o papel do carrapato, representando verdadeiros vampiros de alma, a fim de um eu-alienado para dar vida aos demônios que eles criam nos vazios das cabeças em massa. É preciso negar o cristianismo (ismo, é sufixo que representa doença, de pequinês), para enxergar Deus em sua verdadeira essência. Assim fez Darwin, homem sensível aos olhos para com os fenômenos naturais, que muito contribuiu para a sua “Teoria da Evolução”, que só foi possível trabalhar nela quando ele observou o lado funesto da vida, viu na mais simples bactéria, a própria evolução da vida. Como também Freud, para a descoberta do inconsciente, onde a Psicanálise nos convida a reconhecer os demônios que existem como dentro de uma caixa escura, cheia de escorpiões, que habita dentro de nossa negação dos fatos, de nosso imo. Como pode um ser tão puro ter desejos tão imundos? É simplesmente fascinante! E o próprio Nietzsche, estudioso das falácias filológicas que contribuíram para o entendimento frente a alienação em massa desse rebanho com rédeas, seguidores do cajado que divide águas e mata.
Por isso, negarei a mais este clube de neoróticos, para ver Deus viajar no Trem de Vila-Lobo, contracenar nas novelas de Dostoiévski, amanhecer como inseto na obra de Kafka, e nos versos efêmeros da poesia de Augusto dos Anjos. Quero ver Deus nas arvores dando frutos, no extrativismo dos índios e pequenos camponeses, no bezerrinho que nasce no rebanho de um pequeno produtor de leite, nos passarinhos que cantam livremente de manhã em meu pau-brasil, na chuva que atua, e na tempestade que mata.
A religião é como um quadro, uma visão muitas vezes bonita, mais um tanto perigosa. Imagine colocar tudo que se quer dentro de uma única tela, foi isso que Miguelangelo fez no teto da capela cistina, recriou o criacionismo e só. É justamente isso que fazem as religiões, limitam Deus num quadro com formas humanas, a fim de ser ele, de ter poder de manipulação supondo ser do desejo Dele. É tão somente assim que quando Deus acaba morrendo em sua pequinesa como todos os mortais.
Isso é, compreendemos Deus sendo Deus e o diabo ao mesmo tempo. Foi isso que nos foi ensinando diante das sinagogas, a respeito de um pai furioso e castrador, que impossibilita o outro de sua natureza, de sua divindade. Aprendemos a temer a Deus e não a admirá-lo. Sendo assim, a grande maioria vitoriosa corrobora para que os pilados de alma se postem diante do vazio de Deus para louvar o dogmático, as próprias correntes sublimadas naquilo que o homem atende por fé. É exatamente isso que a religião faz, comprime o outro prometendo a maldita salvação como se isso fosse possível pelos prometedores. Não meus queridos, destronamos a lei, o significante pai mora no simbólico que mora em você. É tão somente a consciência que tira o sujeito fragmentado de seu próprio abismo, podemos chamar também de caos.
Nesse caso aconselho que vejam seu redor, se é possível sublimar o desejo? Acredito que não. Mas podemos inventar outra mineira de ver o que desejo. Mas existe gente que afirma levar uma vida zen, como? Como pode alguém ser plenamente feliz como afirmam muitos, se quando eu recalco o que eu mais desejo eu indubitavelmente sofro? Temos aqui um paradigma! Ou seria mais uma mentira? Pode ser, mas o gozo traz o real que não explicamos e não entendemos, e a este real, os alienados chamam de satanás.
Por tudo isso eu fico com as palavras de alguém que existiu, que teve Deus em suas ações, homem simples, tido como louco para a ciência e o cristianismo. Seu nome é Chico Xavier, e ele diz que “ninguém pode mudar seu começo. Mas, todo mundo pode começar a fazer um novo fim”!
Que Deus seja simbólico convosco!